Advaita: o Caminho sem Caminho

terça-feira, 19 de maio de 2015

CONCILIAR IDEIAS DISCORDANTES DE HOMENS DE DIFERENTES RELIGIÕES (2) - RAMANA MAHARSHI

DESTINO OU LIVRE-ARBÍTRIO: QUAL DETERMINA A NOSSA VIDA?

Quem formula essa pergunta espera uma resposta categórica. Deseja saber qual dos dois é o fator decisivo na vida – o destino ou o livre-arbítrio.
Em suas obras, o Sábio responde assim:
“O debate quanto a qual dos dois – destino ou vontade humana – é mais poderoso, interessa apenas àqueles que ainda não têm iluminação sobre a verdadeira natureza do ego, do qual surgem essas duas ideias. Aquele que tem esclarecimento sobre isso transcendeu ambos e já não se interessa pela questão”.

A um visitante que lhe formulou essa pergunta, o Sábio respondeu: “A resposta a essa pergunta, se eu a desse, seria um tanto difícil de ser compreendida. Contudo, quase todos fazem essa pergunta em algum momento na sua vida. Devemos conhecer a verdade daquele que parece ser afetado, ou não, pelo destino.”

Nesse ponto o Sábio evidentemente quis dizer o ego. Como a distinção entre o destino e o livre-arbítrio existe somente para o ego-mente, a verdade da questão é inseparável da verdade sobre o ego, a qual só pode ser compreendida através da Busca.

Tendo dito isso, o Sábio continuou explicando o significado real do destino: “O destino tem um começo – uma causa – e essa é a ação, a qual não existe sem livre-arbítrio. Portanto, como o livre-arbítrio é a causa primeira, ele é o fator predominante, e educando o livre-arbítrio podemos conquistar o destino.”

Educar o livre-arbítrio significa tomar o processo de autoinvestigação – a Busca ensinada pelo Sábio – ou, alternativamente, entregar-se a Deus enquanto Realidade Única. “O que normalmente se denota por autoconfiança nada mais é do que a confiança no ego, o que fortalece a prisão. Apenas a confiança em Deus é a verdadeira Autoconfiança, porque Deus é o Ser [Eu Real].”

É NECESSÁRIO TER UM GURU?


É uma crença comum entre aqueles que tem tendências espirituais que todos que aspiram ao estado de libertação devem no tempo devido encontrar um Guru e apegar-se a ele. Alguém perguntou ao Sábio quanto à validade desta crença. A resposta foi a seguinte: “Enquanto alguém se julgar pequeno – laghu – deve apegar-se ao grande – o Guru. Ele não deve, no entanto, considerar o Guru como uma pessoa. O Sábio é apenas o Eu Real do discípulo. Quando esse Eu Real é alcançado não existe nem Guru nem discípulo.” 

Essa pergunta surgiu porque o próprio Sábio não teve Guru – pelo menos nenhum Guru exterior.
Em outra ocasião o Sábio disse: “Seria necessário um mestre, se alguém precisasse aprender algo novo; mas o caso aqui é desaprender.” 

COMO SUPERAR AS PREOCUPAÇÕES DA VIDA?


Um visitante disse: “Estou sujeito a preocupações sem fim. Para mim não existe paz, embora nada me falte para ser feliz.”
O Sábio perguntou: “Essas preocupações o afetam quando você está dormindo?”
O visitante admitiu que não.
O Sábio lhe fez outra pergunta: “Você é o mesmo homem, ou é diferente daquele que dormiu sem preocupações?”
“Sim, eu sou a mesma pessoa.”
O Sábio disse: “Então, certamente, essas preocupações não lhe são inerentes. A culpa é sua se você supõe que elas são suas.”

(Os trechos acima estão contidos no Capítulo XII, do livro Maha Yoga, cujo autor é K. Lakshmana Sarma, baseados em ensinamentos de Ramana Maharshi, cuja cópia foi retirada do site “Advaita Vedanta a Visão Não Dual”)

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