A PURA CONSCIÊNCIA - DAYANANDA SARASVATI
"Acordamos pela
manhã. O mundo está aí fora, como que nos esperando. Muitas coisas nos
acontecem, algumas gostamos, outras nem tanto. Desde o ponto de vista da
consciência relativa, assim é que vemos a vida.
Esta é a vida e sua aparência
habitual.
Desde o ponto de vista da
pura consciência, o corpo é o mundo (e através dele) surgem em você cada
manhã. Essa é a Realidade e não o contrário.
Tudo acontece neste espaço
aberto que somos. Tudo absolutamente tudo, depende sua 'realidade' a esta
Realidade que você é.
As imagens de um espelho não podem existir sem o
espelho...
A Realidade que somos, que
nunca podemos negar, atua e vive em nós, através de nós, e como nós. Não há
mais nada. Isto é tudo.
Agora, partindo deste
ponto de referência limitado, este ego, ou pessoa, ou entidade (que
acreditamos ser independente da Realidade), tudo parece ser caótico, incerto,
limitado. Mas se olharmos com a atenção, este mesmo ponto de vista, este ego,
não é por acaso uma aparência a mais na Totalidade, no Real? Um conjunto de
pautas, de ritmos, nada distante do turbilhão de um riacho ou do vôo de uma
abelha.
A Pura Consciência não é
algo fixo, algo que começa aqui e termina ali. Este saber que somos, esta
sensação de presença é como uma porta aberta. Se olharmos para dentro, mais e mais, acabamos em nós mesmos.
Se olharmos para fora,
mais e mais, saímos do portal e mais além... o ilimitado, o insondável...
A Pura Consciência, onde
'fora' e 'dentro' são o mesmo espaço. Um só espaço.
Os limites são convenções,
que emergem obviamente, desse único espaço.
Assim está tecida a
realidade da vida. Mas este espaço de onde tudo surge é a plenitude. Já somos
este espaço, mesmo que a nível pessoal, nada nos pertença.
O que surge a cada
instante é o que somos.
Se buscamos e buscamos a
plenitude e a paz, nos afastamos. Se esquecemos desta plenitude e desta paz, e
nos entregamos completamente ao que surge, seja o que for, nos encontramos.
E ao encontrarmos,
encontramos a paz e a plenitude."